O ator e escritor Aldri Anunciação, presente no primeiro dia da Bienal do Livro Bahia, nesta sexta-feira (26), revisitou o passado para recordar como foi influenciado por Jorge Amado para começar a escrever. Sendo uma das personalidades da mesa Café Literário, o baiano revelou ter vivenciado uma relação de confronto com o escritor de “Capitães de Areia”.
Toda a história de inspiração e influência teve início quando Aldri, aos 8 anos, se mudou do bairro de Brotas para o Rio Vermelho. E, por coincidência do destino ou não, ele se tornou vizinho de Jorge Amado.
Aldri, ainda criança, se aventurou pela literatura escrita pelo renomado escritor baiano. “E o meu vizinho era Jorge Amado. Então, eu comecei a ler o Capitães da Areia, só que eu lia como se tudo fosse jornal. Ou seja, tudo era real. E eu conhecia a rua do Taboão, onde minha avó morava, então tudo era muito confuso pra mim, porque eu não via aqueles meninos naquela rua do Taboão”, contou o ator.
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Tentado em entender os motivos de não enxergar as coisas do livro acontecendo na vida real, Aldri relembrou o momento em que foi até a casa do escritor para compreender as páginas do livro.
“Eu bati na porta desse cara [Jorge Amado]. Esse cara era o Jorge Amado mesmo, porque ele era o meu vizinho, e eu fui lá tirar satisfação. E assim, foi bacana ter feito isso, porque é como o Jorge fala, existe uma Bahia ali, que ele encontrou o modo de contar uma Bahia, que não necessariamente é a Bahia que a gente viu, não é atoa que um menino de 8 anos vai lá e dizer: ‘olha, não tem nem assim nessa rua que eu moro’”, recordou Aldri.
“Mas é bonito essa relação com Jorge, que foi uma relação de confronto temático e conteudístico também do que é a minha cidade, né? Que era um guri que sabia o que era a periferia, que entrou no bairro vaidoso e que leu uma literatura que falava de um bairro que não era vaidoso com um olhar vaidoso, talvez, não estou dizendo que o Jorge era vaidoso, mas ele encontrou um caminho de narrativa”, completou o escritor.
Pelos grandes momentos vividos na relação de confronto, Aldri considerou ter tido uma relação bonita com Jorge Amado ao ponto de fazer com que ele tenha encontrado caminhos.
“Então assim, eu passei muito por essa relação com o Jorge Amado de confronto, de ler e tentar encontrar outras significações para aquela mulher, que mulher é essa que está sendo dita ali?[...] aspecto mais próximo do que a gente vê, é uma emaranhada de referências que me ajudaram muito a encontrar caminhos. Eu diria que é uma referência de influência muito fótica de Jorge Amado”, finalizou o escritor.
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